BLOOD UCHIHA

Se os homens fossem tão inteligentes quanto pensam ser, as vezes apreciar um simples cair de chuva significaria mais do que roupas e cabelos molhados. Incrivelmente sou diferente deles, pois aqui estou eu, apreciando a queda como se fosse a coisa mais bela da terra e talvez realmente seja. O brasão da casa Uchiha ensopado em minha camisa juntamente com os cabelos só mostravam o quão pesados seriam os treinos que viriam pela frente, um orgulho menor do que o trabalho que vem foi me tornar Genin que para minha família é o começo de minha jornada e teimo que dessa vez eles estão certos pois nada me dar mais ânimo em levantar do que fazer com que no futuro meu nome seja conhecido.

Já deviam ser quase duas da manhã, horário que meu pai gostava do treino, talvez a brisa da noite acalmasse a mente dele que carregava tantos pesadelos que vinham de anos de guerra, nunca o perguntei sobre, sabia que era tortuoso só lembrar. Mesmo assim, ele fazia questão de me auxiliar nos treinos e mais do que importante nesse de despertar o tão orgulhoso Doujutsu dos Uchihas... O lendário Sharingan.
- Seus olhos vão lhe mostrar o futuro, Yute.
Dizia ele quando passou do meu lado em nossa área de treino. Era um extenso campo de gramado bem esverdeado no interior da Reserva dos Uchihas, um pouco mais afastado que as outras casas.
- Faço questão de ver o começo dessa lenda, já que talvez não esteja aqui no final. Estava de frente pra mim agora. Tinha o nome de Hazumi, um Uchiha de muitas cicatrizes pelo rosto... Kunais, queimaduras? Pareciam uma mistura de tudo isso, olhar pra ele todo dia só me fazia pensar no que ele tinha passado. Esteja pronto, pois só sairemos daqui quando seu olho alcançar o nível do meu. - Então o rubro de seus olhos ganhou vida e nele as três vírgulas surgiram, iria começar e o velho não estava pra brincadeira.

Corri em sua direção, com o peso da chuva era difícil correr, mas estar descalço ajudou a suavizar meus movimentos. Rápido como de costume fiz uma distração enquanto corria na sua frente, estourei uma bombinha de fumaça que secretamente coloquei na boca sem que ele percebesse, anos de treino com ele me ensinaram a sempre ter uma carta na manga porque o velho podia estar cansado, mas os olhos deles nunca perderam a velocidade em me acompanhar. A bomba explodiu e fumaça foi em sua direção, pude ver que ficou desorientado e então lancei uma Kunai na sua direção e me lancei para a outra a direita. Pude ver ele rebatendo a Kunai lançada e então aproveitei a deixa para lançar a outra quando saí da fumaça, mas sem efeito de novo porque o velho parou a Kunai com os dedos da mão esquerda sem precisar me olhar.

Deslizei pelo gramado verde para trás dele e usei a chuva como distração para a audição dele. Puxei mais um par de Kunais e com duas Shurikens amarradas por linhas lancei em sua direção onde as mesmas se prenderam aos braços dele. Um sorriso se abriu em minha boca, mas se foi tão rápido quanto veio ele me puxou com as mãos e fui arremessado pra cima na direção dele e então eu vi pela primeira vez aquilo que nós Uchihas conhecemos como... Ódio. Os olhos dele... Aqueles olhos vermelhos só tinham ódio e sede de sangue, desde quando meu pai era assim? Não sabia o que pensar, talvez o treino tenha sido demais para ele e ele não estava controlando o impulso de matar... Seria isso? Então com um selo de mão rápidos ele lançou um Jutsu do elemento Katon em minha direção. Uma imensa massa de fogo se propôs em minha direção e eu pude ver que era meu fim.

Mas então um lampejo se forçou contra minha mente, com um movimento de selo tão rápido quanto pude usar minha camisa para conseguir fazer um Jutsu de Substituição rápido o suficiente para reaparecer na costa de meu pai com uma Kunai apontada para seu pescoço. Pela primeira vez em anos consegui colocar ele em cheque, mas só porque o meu instinto animal de defesa falou mais alto. Estávamos olhando um no olho do outro e pude ver um sorriso se abrir nos lábios dele:
- Mais rápido do que eu esperava, Yute. - Foi então que percebi que podia ver a circulação de chakra que emanava dele, talvez assim tenha conseguido ver a parte vulnerável dele e ter me colocado em suas defesas frágeis. A primeira vírgula havia despertado, desapareci de sua costa e apareci em sua frente assustado - Vamos, disse que iria acabar apenas quando tivesse os mesmos olhos que os meus. E por horas passou-se, não lembro de ter reparado o nascer do sol quando terminamos.

Perdi tantas vezes que não consigo calcular quantas foram, minha cabeça e todas as partes do meu corpo doíam. Não me restou um único Chakra no corpo, fiz o que pude, porém somente consegui chegar até a segunda vírgula, não consegui passar disso, mas o que mais me irritava era como ele não parecia estar nem um pouco cansado, parecia que só caminhou trinta minutos, quase não tinham gotas de suor na testa. Tenho certeza que ele iria falar algo, mas meu cansao era maior que a obediência em lhe ouvir então caí no sono.